quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Desertificação Nocturna do CBD

é como a cidade se encontra
num permanente sonho.
O silêncio invade as ruas, e ecoa nos becos vazios, desertos, tão frios... gelados com o orvalho. É tão pesado que é palpável, bate na cara do solitário que se arrasta pela calçada portuguesa... olha por cima do ombro... não vê ninguém, mas ouve passos. Persegue-o um medo, uma premonição de desgraça. Um assalto ou um homicídio? Um drogado ou um chulo? As ruas, de dia tão cheias de vida, tão embebidas de stress, estão agora mortas... inanimadas, à espera da respiração boca-a-boca. Enquanto os parmédicos não chegam continuam quietas e com o fedor a morte tão forte que se torna impossível um simples retorno a casa sem desejar um novo para de olhos. se calhar até dez.
Se calhar se houvesse uma discoteca ali perto. Ou um bar... um reles bar serviria! Nem uma única luz acesa nas janelas.... Ora lojas fechadas, escritórios vazios ou casas de velhos casais demasiado preocupados com a sua própria velhice para alguma vez notarem um grito ou o eco de de um sprint assustado. A escuridão entorpe-lhe a vista e não consegue distinguir o que é parede o que é porta barrada naquele prédio velho, estará lá alguém? se calhar a dar na veia, se calhar desesperado por uma próxima dose? se calhar só à espera de dinheiro fácil... Passar para ooutro lado da rua? O cenário é igual... de nada vale... A necessidade faz o engenho e a vontade de chegar a casa ultrapassa o medo. Um segundo. Um salto. Um som. Uma sensação de frio. Um vermelho mal iluminado, quase dourado com a luz do candeeiro meio fundido da rua. Uma mão encontra a carteira e logo a seguir o som de uma corrida isolada enche a rua. Um polícia? Alguém?

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