segunda-feira, 25 de maio de 2009


Ora bem metade do país está em processo de desertificação humana e, nas serranias transmontanas, o fenómeno é particularmente visível.
Enquanto no Sul a população está mais dispersa, aqui ela sempre esteve concentrada em aldeias. isso significa que não faltam povoações inteiras mortas ou moribundas – em nenhum outro lugar a ferida do despovoamento ficou tão exposta. "O pior é que é cada vez mais difícil atrair população", diz Lívia Madureira, economista e directora do Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento, da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro. "Os serviços vão sendo afastados das pessoas, a oferta deemprego está mais dependente do sector público, a iniciativa agrícola não é incentivada. Queremos que os jovens se fixem no interior, mas onde é que eles vão pôr os filhos a estudar? Onde é que vão ao médico? De que se vão ocupar? Como é que lhes dizemos que a região deles tem potencialidade?"

Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) são esclarecedores. Dos 236 400 habitantes que moravam no AltoTrás os Montes em 1991, sobravam 221 mil em 2001. Calcula-se que hoje não haja mais de 212 mil moradores na região (só o censo de 2011 poderá fornecer dados exactos). NoAlto Douro, o número desceu de 239 700 para cerca de 210 mil. O Vale do Tâmega também está a perder gente e apresenta índices inquietantes de envelhecimento da população – 181 idosos por cada 100 jovens. No que toca ao emprego, a mesma cantiga. "Em 2001, mais de um quinto dos jovens economicamente activos residentes nesta comunidade estavam desempregados. O mesmo acontecia com 16% das mulheres", lê-se num estudo do INE sobre a área da fronteira Norte de Portugal. Um relatório de 2007 da mesma instituição alerta para o facto de o poder de compra per capita ser, em municípios como Vinhais, Montalegre ou Vila Pouca de Aguiar, inferior a 50% da média nacional.

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