A par com a desertificação do interior do País e com o consequente aumento dos espaços sociais urbanos e suburbanos, um outro fenómeno, pouco ou nada colocado em relevo, tem vindo a desenvolver-se entre nós e a sua tendência vai no sentido do crescimento e da consolidação: alguns sociólogos chamam-lhe rurbanização.
Fruto de alguma pesquisa realizada, na língua portuguesa, ganhou vulto para nós o trabalho de Gilberto Freire, que desenvolveu uma abordagem interdisciplinar, com início numa perspectiva de ecologia social, passando para uma sociologia do ambiente e acabando por levantar o processo social da rurbanização, ao estudar as relações da natureza com a geografia e das cidades com os campos.
O pioneirismo de Gilberto Freire nesta matéria levou-o a lutar na defesa de harmonia entre os dois espaços contrários, o rural e o urbano, orientada para o equilíbrio entre eles e para o desenvolvimento modernizante da ruralidade. Uma ideia força por ele exaltada é a de que se, por um lado, a forte tendência urbanizadora gera grandes desequilíbrios, por outro lado, não é alternativa suficiente a procura do paraíso perdido na natureza pura e dura do mundo rural. A rejeição abrange tanto o urbanismo desenfreado como a manutenção de populações rurais inteiras em condições de vida rústica. As mudanças culturais e sociais no mundo rural são um facto e o espaço social rural clássico está a tornar-se residual se não mesmo em vias de se extinguir em Portugal.
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