segunda-feira, 5 de maio de 2008

A importância da gestão das bacias hidrográficas luso-espanholas

No espaço territorial das regiões hidrográficas partilhadas por Portugal e Espanha, convivem realidades muito diversas de que por vezes não nos apercebemos numa análise superficial e que nem sempre são transmitidas pelos meros dados estatísticos.
Contudo, importa referir alguns desses dados. Assim, as cinco regiões hidrográficas luso-espanholas, com os seus 264 000 km2, ocupam cerca de 18% do território da União Europeia e 45% do território da Península Ibérica. Apenas 22% dessa área está situada em Portugal, ficando 78% em Espanha. Contudo esses 22% da área das bacias luso-espanholas localizada em Portugal, corresponde a 64% (quase dois terços) da área do país! Os 78% localizados em Espanha correspondem a 42% do seu território.
Ainda mais expressivos do que as dimensões territoriais, são os valores dos recursos hídricos associados às bacias luso-espanholas. Os volumes de água, em forma de escoamento de superfície ou de recarga de aquíferos no espaço ibérico, estão avaliados em 175 200 hm3 médios anuais. Desses recursos, 76 300 hm3 (ou seja 44%) ocorrem nas bacias luso-espanholas, sendo cerca de 24 400 hm3 em Portugal e 51 900 hm3 em Espanha. Todavia, a parcela espanhola representa 37% das suas disponibilidades hídricas nacionais, enquanto a parcela portuguesa representa 68% das disponibilidades hídricas totais de Portugal. No que se refere apenas à componente superficial, os recursos hídricos afluentes de Espanha representam, em média, cerca de 50% dos recursos superficiais totais. Compreende-se, assim, a importância que atribuímos a um bom relacionamento com o Pais vizinho também neste domínio!
As práticas de cooperação entre Espanha e Portugal, nomeadamente através de acordos bilaterais, remontam ao ano de 1864. Na sua primeira fase os acordos entre os dois países estavam estreitamente ligados à delimitação das fronteiras que, como é sabido, estão associadas a linhas de água em grandes extensões. Contudo, mesmo nessa fase embrionária, existia já um conjunto de disposições para assegurar uma boa convivência entre as populações das duas margens e para promover uma utilização conjunta dos recursos fronteiriços.
Contudo os espanhóis utilizam mais água.

Sem comentários: