quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O predomínio dos minifundios

Um dos problemas da nossa agricultura, é a má utilização do solo.
Em Portugal, mais de metade dos solos têm uma boa aptidão para floresta (59,4%) e apenas cerca de um quarto (26%) são aptos para a agricultura. No entanto são utilizados para a mesma 39% e para o sector florestal, 35%. Ou seja, muito do solo que está a ser utilizado para a agricultura não tem aptidão agrícola.
No nosso país existem mais de quatro mil explorações agrícolas de dimensões e características variáveis.
No Continente, as explorações agrícolas concentram-se em maior número nas regiões da Beira Litoral e Entre - Douro e Minho. Predominam aqui os minifúndios. No Norte, em geral, o relevo acidentado, o carácter anárquico da reconquista, o parcelamento de terras pelo clero e Nobreza, a elevada densidade populacional, a partilha de heranças beneficiando igualmente todos os filhos, são factores que conduziram a uma excessiva fragmentação da propriedade. Esta, dificulta a mecanização agrícola e inviabiliza a rentabilização das propriedades.
Predomina em Portugal uma população agrícola envelhecida e com baixo nível de instrução.
De facto, cerca de 140 mil agricultores tem mais de 65 anos, cerca de 100 mil tem entre 55 e 64 anos, 80 mil tem idades entre os 40 e 54 anos. Apenas 20 mil agricultores têm menos de 39 anos.
Quanto ao nível de instrução, 20 % não sabe ler nem escrever, outros 20% (aproximadamente) sabe ler e escrever com muita dificuldade, um pouco mais de 50% tem apenas o 1º ou 2ºciclo e apenas uma percentagem ínfima (cerca de 1%) tem o 3ºciclo completo (dados do INE).
Desta forma, é difícil explicar aos agricultores idosos e com baixo nível de instrução, que é necessário inovar, aderir a novos métodos e técnicas ou mesmo que é preciso uma adaptação às normas comunitárias de produção e comercialização.
No contexto da União Europeia, somos o terceiro país com mais parcelas agrícolas de pequena dimensão (34%, com menos de 20 ha), e dos países com um menor número de tractores agrícolas por exploração (0,3 tractores por exploração). Somos, pelo contrário, o segundo país que tem mais população activa agrícola (EUROSTAT, 1998). Estes dados evidenciam uma agricultura em desvantagem face à maioria dos outros países, com um índice de mecanização baixo e um predomínio dos minifúndios e de uma agricultura de subsistência.

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